16 de novembro de 2016 Ouvir o texto
“Escrever e ilustrar um livro é o que mais gosto de fazer”, conta Paloma Valdivia, uma criadora de histórias que combina a arte das imagens com a arte das palavras. Original de Santiago, no Chile, ela vive em Barcelona, onde tem desenvolvido livros como Los de arriba y los de abajo e Es así.
“As histórias tomam forma ao mesmo tempo em minha cabeça”, explica Paloma sobre seu processo criativo. Segundo a autora, as histórias costumam partir de ideias autobiográficas ou de algo que chama a sua atenção. Ela revela que quase não faz esboços, mas pensa nas ideias por meses, às vezes anos, e, quando estão terminadas em sua cabeça, as passa para o papel. “Esta última parte é a mais fácil. Parece que está tudo pronto e tenho apenas que transcrever o texto e os desenhos”, diz.
No CILELIJ, Paloma participou do colóquio “O testemunhal, o simbólico e o fantástico na ilustração da literatura infantojuvenil ibero-americana”, coordenado pelo diretor de arte da SM México, Quetzal León, que aconteceu ontem (15), no México.
Leia, a seguir, a entrevista na íntegra.
Como e quando você começou a ilustrar histórias para crianças e jovens?
Paloma Valdivia – Desde criança, sempre gostei de desenhar. Decidi começar a estudar desenho na Universidade Católica do Chile, porque pensei que esse era o caminho. Naquela época, eu não sabia que gostava de ilustração: não conheci o termo até que tomei contato com o Seminário de Ilustração. Minha professora, então, me abriu um mundo. Comecei a ilustrar vários livros no Chile, jornais e revistas. No entanto, eu queria estudar ilustração profissionalmente. Por isso, tão logo terminei a escola, juntei dinheiro e fui para Barcelona. As crianças, a ilustração e contar histórias são a minha paixão.
E a escrever?
Paloma Valdivia – Ao entrar em contato com feiras e grandes editoras, na Europa, decidi que também queria escrever minhas próprias histórias. Tinha várias em minha cabeça e resolvi estudar a escrita para entender o ofício. Publiquei meu primeiro livro ilustrado, Los de arriba y los de abajo, pela Editorial Kalandraka, da Espanha, no ano de 2009.
O que significa para você escrever e ilustrar para este público?
Paloma Valdivia – Para mim, as crianças são o mais importante, as de agora e as que fomos. A infância é a pátria de todos. Muitas de nossas experiências memoráveis estão lá, e é por isso que as crianças são o meu público favorito. Pessoalmente, me sinto muito conectada com a minha infância, tenho uma ótima lembrança, por isso, escrevo e ilustro para a minha criança. Meus temas são, geralmente, autobiográficos, saem de histórias e situações que vivi e que gostaria de ordenar e esclarecer. Por exemplo, a imaginação em Los de arriba y los de abajo, e a morte de um ente querido em Es así. Tento explicar esses conceitos de uma maneira que eu, em criança, tivesse entendido e apreciado.
Você lembra que livros te inspiraram quando era criança ou adolescente?
Paloma Valdivia – Antes de saber ler, minha mãe já lia para mim, a cada noite, Narizinho [Reinações de Narizinho], de Monteiro Lobato. Essas histórias de personagens e aventuras delirantes, cheias de humor, me marcaram. A produção editorial, em minha infância, no Chile, era bastante precária. Nasci e cresci na ditadura: os livros para crianças, que chegavam em casa, vinham do exterior ou eram antigos. Aproveitei muito também a coleção Cuncuna, da Editorial Quimantú, uma coleção de baixo custo, criada no governo de Salvador Allende. Nesses livros, conheci os desenhos de Fernando Krahn, que inspira até hoje a minha vocação, e as histórias de Marta Brunet ou Floridos Pérez. Aos onze anos, comecei a ler, escondido, os livros de Isabel Allende. Não eram para a minha idade, mas a proibição dessa leitura me transformou em uma leitora adulta.
Concorda que a literatura infantil e juvenil deve ser um “direito em um mundo em transformação”, como diz o título do CILELIJ?
Paloma Valdivia – Compartilho o lema de que a literatura infantil e juvenil deve ser um direito de todas as crianças. Os primeiros livros mostram um mundo a que elas ainda não têm acesso, são as primeiras imagens impressas que elas observam. Suas primeiras visitas a museus ou um livro com belas ilustrações podem formar sua futura apreciação estética. Além disso, as histórias geram novas emoções e apresentam conflitos que elas podem ter acesso antes de vivê-los. A leitura e os livros despertam a imaginação, nos acompanham e nos fazem mais felizes.
O CILELIJ tem três eixos temáticos: o testemunhal, o fantástico e o simbólico. Qual deles você considera que está mais presente em sua obra para crianças e jovens?
Paloma Valdivia – Os três estão presentes de alguma forma, a partir do que eu mesma li ou vivi. Acredito que, ao criar um livro para crianças, é difícil separar esses três eixos. No entanto, o testemunhal é muito importante para mim, já que minha obra se baseia em experiências pessoais, situações reais que ficciono e que estruturo como contos. Testemunho o que vivi, transformo a vivência em fantasia e a simbolizo por meio do desenho.
Entrevista publicada originalmente no site da Edições SM México
Tradução: Priscila Fernandes
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